sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Joaquina


Recordo-me perfeitamente da figura de uma tia-bisavó minha, senhora muito agradável e sorridente, pequenita, com o seu cabelinho branco e uma travessa fininha a prender-lhe o cabelo. Uma figura amorosa que fazia sentir muito confortável à sua volta. Esta foi sempre a impressão que tive de Joaquina, um nome muito simpático e ternurento mas, inevitavelmente, de velhinha.

Quando me debrucei sobre o estudo dos nomes femininos mais utilizados pela aristocracia portuguesa no século XIX (pode ler aqui), percebi claramente que Joaquina não era apenas uma escolha normal, como era, de facto, o 10º nome mais utilizado pelas famílias desse tempo! E olhando para os compostos mais utilizados nessa época também, constatou-se que eram comuns nomes como: Joana Joaquina, Ana Joaquina, Maria Joaquina, Joaquina Matilde e Joaquina Rosa.

Ainda diretamente do século XIX chega-nos, também, o composto Carlota Joaquina, nome da Rainha de Portugal, de naturalidade espanhola, casada com o Rei D. João VI, que juntos viveram cenas dramáticas na vida política e bélica de Portugal, sendo o seu reinado marcado pelas invasões francesas e pela fuga da Corte para o Brasil, deixando o país à sua própria mercê. Fruto deste casamento real, nasceram 9 infantes e infantas portuguesas, tendo 3 delas recebido o nome Joaquina algures no seu comprido nome!

Desde essa altura histórica, o uso do nome tem vindo a decrescer abruptamente, embora, segundo dados fornecidos pelo SPIE, a frequência de uso do nome no abrir do século XX se tivesse mantido nos 500 registos anuais o que, hoje em dia corresponderia ao uso de nomes como Clara, Diana, Luana, Madalena e Mafalda, em Portugal. Ao longo das décadas, Joaquina foi perdendo o seu esplendor para as famílias portuguesas até os nossos dias, onde é considerado um nome antigo e, muitas vezes, ultrapassado. Em 2013 nasceu apenas uma Daniela Joaquina e em 2014, uma menina chamada Joaquina Inês! Em 2015, assemelhou-se o mesmo caso, tendo nascido também apenas uma menina Joaquina.

Trata-se, naturalmente, da versão feminina de Joaquim, um nome bem mais apreciado no presente e que detém raízes hebraicas, presumindo-se que signifique “criado por Yahweh”, um nome que seria atribuído a Deus, antigamente.

Nas artes destaca-se a figura da Marquesa de Santa Cruz, Joaquina Téllez-Girón, maravilhosamente pintada por Goya!

Qual é a vossa impressão deste nome?

8 comentários:

  1. Nome de velhinha ou não não me importa, gosto muito de Joaquina.

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  2. Acho pesado, mas da versão masculina gosto muito!

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  3. não consigo gostar :/ Joaquim já gosto mais.
    Bom post :)

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  4. Joaquim é o nome do meu pai e amo muito este nome, mas a história bíblica do rei Joaquim é meio triste (mas teve um final feliz)! Acho Joaquina esquecido tal como Josefine e Augusta. Muitos torcem o nariz. Joaquim voltou com tudo, quem sabe depois da novela do sbt, a versão feminina ganhe um pouco mais de simpatia?! Gosto da versão feminina! :)

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  5. Primeiro que Carlota Joaquina foi casada com o rei Dom João VI e não IV, como está no texto. Segundo que não foi fuga e nem abandonaram o país à própria sorte. Foi uma jogada de mestre com Napoleão Bonaparte que queria dominar Portugal. A ideia era unir o reino de Portugal com o Brasil. Seu conhecimento de história é bem fraco.
    O nome é até interessante, mas não acho muito usável hoje em dia.Prefiro Joana.

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  6. Artigo interessante! Vim ler pois a minha mãe chama-se Joaquina com os seus quase 83 anos e a minha bisavó materna também se chama a Joaquina. Era um nome muito comum no passado em Portugal.

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