sábado, 18 de junho de 2016

Maria João


Com o avançar das ideologias mais modernistas e vanguardistas do feminismo muito se tem debatido sobre o espaço e o papel da mulher no mundo e esse debate, por ser tão amplo e tão distinto, também acaba por abranger a temática dos nomes – necessariamente! Mas não nos cingindo ao feminismo, um pouco por todo o lado há quem seja da opinião de que os nomes têm um género próprio e que não deve ser trocado de maneira alguma, há quem goste de ver uma menina com um segundo nome masculino, há quem goste de ver um menino com um segundo nome feminino, há quem goste de nomes unissexo. Quem está certo, quem está errado?

Não é habitual termos aqui no Blog publicações sobre compostos em particular, mas gostei da ideia de realçar um composto tradicional e com algum impacto na sociedade portuguesa. Também, confesso, tenho uma ligação muito especial com ele e desde o Natal que estive para redigir este texto com toda a neutralidade que ele exige. Portanto, considerei importante não só criar um espaço para que se debata o género dos nomes mas também enquadrar social e historicamente o uso de Maria João. (Para saber mais sobre os nomes em separado pode clicar aqui em Maria e em João).

Durante as semanas de pesquisa que reservei para a publicação dos Nomes Aristocráticos Portugueses do Século XIX, pude confrontar-me com uma variedade enorme de factos curiosos que me orientaram as publicações individuais seguintes. Um desses factos foi o aparecimento, em meados do século, de muitos registos de casamentos de mulheres chamadas Maria José, o que coloca o aparecimento e popularização deste composto logo nos primórdios do século XIX, anos 1800’s e poucos. Parece que esse foi um momento crítico na história da utilização dos compostos mistos, ainda que desconheça por completo uma explicação plausível para este fenómeno. Mas se Marias José as havia, Marias João nem vê-las.

Um retorno às bases de dados de batismos e casamentos do Arquivo Regional da Madeira deixou tudo um pouco mais claro: enquanto Maria José já reinava há quase 100 anos, as primeiras Marias João viriam apenas a nascer no final do século XIX, início do século XX, com a maioria dos casamentos a realizar-se em 1940’s. Até então, a única forma de João estar associado a Maria era no composto marcadamente mais religioso: Maria de São João (e não eram poucas)! E mesmo em termos de popularidade, a discrepância entre Maria José e Maria João é enorme, sendo que Maria João nunca terá atingido o sucesso do primeiro.

Mas trazendo o foco para a nossa época, Maria João tem-se destacado em Portugal como o composto misto mais utilizado pelos portugueses (se não contabilizarmos a quantidade de rapazes com Maria no segundo nome)! Em 2013 foram registadas 163 meninas com este nome e em 2014 outras 140. São números extraordinários e diria eu que, entretanto, Maria José perdeu o acesso à ribalta!

Como referi acima, este é um composto com o qual tenho muita ligação. Esteve para ser o meu nome e, embora os meus pais tenham eventualmente riscado essa opção, durante toda a minha vida, fui sendo informal e carinhosamente tratada por Maria João na família. Talvez por associar esse composto a momentos meus de maior traquinice, não consigo deixar de considerar Maria João um composto (para mim é até mais um nome, como se lá existisse um pequeno hífen invisível) muito energético e marcante. Não vou mentir, gosto de Maria João e reconheço-lhe toda a beleza. Mas gostava de ouvir as vossas opiniões sobre os compostos mistos (com dois géneros) e sobre Maria João, em particular!

Fontes Consultadas:
Arquivo Regional da Madeira, IRN, O Blog dos Nomes (Nomes Aristocráticos).

10 comentários:

  1. Eu era para ter sido Maria José e dou graças a Deus por nao ser! Mas Maria João até tem o seu encanto... mas compostos mistos não são do meu agrado.

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  2. Compostos mistos não são comuns entre os brasileiros(a execeção vai pra Maria José, mas esse é mais comum em senhoras), acho que esse estilo de nome é bem típico português. Acho Maria João muito simpático, carismático e bem melhor que Maria José.

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  3. Não tenho nada contra "compostos mistos". Maria João é um bom nome.

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  4. detesto compostos mistos, com excepção de Maria José e Maria João :)

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  5. Existem casamentos perfeitos e esse composto misto de " Maria João " é um deles. Nunca tive filhos, e talvez não os tenha devido a idade de 42; mas caso aconteça, minha filha se chamará Maria João. Sinto nele personalidade, força e graciosidade. Só lamento não ter minha Maria João.

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    1. O seu comentário comoveu-me. Espero que tenha a sua Maria João!
      Um abraco de uma Maria João ;)

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  6. Perfeição não existe,seja ela qual for.. a qual merecemos.. ou lutamos ..ou estamos destinados ..vim procurar alguma força (afirmação) ou diferença no meu nome..e a realidade é que acho que temos demasiada personalidade e acima de tudo uma sensibilidade acima da média (não é fácil)..o importante é que NÃO julgamos ninguém!!! a uma futura Maria João( e a uma futura mãe de uma Maria João) deixo um xi coração gigante..à futura mãe um sentido de desenvolvimento,estimulo..NÃO somos fáceis de contentar apesar de passivas..precisamos também de validação e responsabilidade e tenho a certeza que esta anônima sente e irá concretizar este sonho ..o beijo, o abraço e empatia ficam registados mas também sentidos =) TUDO de bom,vai dar tudo certo*+ 1 beijo de uma Maria João

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  7. acho interessante e inovador. para quem tá buscando exclusividade na escolha do nome, acho que compostos mistos tem uma pegada bem diferente.

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  8. Olá o meu nome é Maria João e nasci em 1964! Neste momento tenho 57 anos e realmente não é um nome muito comum em pessoas da minha idade!

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