segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Augusta


O meu gosto por nomes é antigo. Lembro-me de ser pequenina e perguntar ao meu pai se ele gostava de Emília, pois no meu coração estava convencidíssima de que este seria o meu nome favorito de menina para todo o sempre. Também me lembro da resposta que ele me deu: “Emília é nome de velha!” Foi a primeira vez que me disseram isso e, embora eu tenha ficado incomodada, comecei a perceber que realmente os nomes que eu mais gostava eram facilmente catalogados como “nomes de velha”. Sinceramente, detesto a expressão pelo idadismo subjacente mas confesso que hoje em dia tenho muito orgulho em dizer que os meus nomes favoritos continuam a ser os nomes antigos, os nomes de cunho elegante que o tempo deixou para trás. Os nomes que são bonitos mas (ainda) são considerados impensáveis em crianças dos nossos dias. E é por isto que não podia terminar as minhas publicações femininas n’O Blog dos Nomes de outra forma, com um dos mais icónicos nomes antigos: Augusta!

Quando aqui publicámos os Nomes Aristocráticos Femininos do Século XIX ficou inegavelmente claro que Augusta era um nome de eleição entre a aristocracia portuguesa e batia qualquer outro nome à exceção de Maria. Também em termos de compostos Maria Augusta figurava os mais utilizados do século XIX e é fácil perceber porquê. Tal como escrevi na publicação sobre Compostos com Augusta, este é um nome profundamente fácil de combinar com outros, sobretudo se está em segundo lugar do composto. A métrica é fenomenal e tem a força para elevar um composto a um nível extraordinário. Cada vez que abro essa publicação ainda me delicio a olhar para eles.

Augusta foi nome da última Rainha Portugal e foi muitas vezes ouvido nos palácios, paços e casas reais europeias.  Sobretudo em casas alemãs. Era considerado um nome distinto e elegante e o significado abonava muito a seu favor: a grande, a venerável. Um significado digno de alguém destinado a grandes conquistas. Acho maravilhoso e um pouco romântico também, ora não fosse Ana Augusta o nome da eterna enamorada do célebre escritor português Camilo Castelo-Branco, com quem viveu uma grande história de amor.

Ainda assim, nada deste passado esbelto protegeu o nome do desuso. A partir de 1920 foi sempre a descer. Em 1980 já não nasceu nenhuma Augusta (como primeiro nome) em Portugal e hoje em dia a realidade é semelhante. Em 2014 nasceram duas meninas em Portugal com Augusta como primeiro nome, 4 Maria Augusta e mais seis outros compostos do qual destaco Clara Augusta. Depois, só 2016 é que viria ter meninas nascidas com este nome.

No Brasil, a distribuição das Augustas nascidas entre 1930 e 2010 é igual (frequência total de 16.710 pessoas). Depois de um pico de nascimentos na década de 30, eis que o nome decresce até à atualidade onde praticamente já não é usado. Os registos de São Paulo reiteram esta conclusão com apenas um registo em 2015 e nenhum em 2016. Por contraste, Augusto é um nome cada vez mais popular em território brasileiro o que poderá levar a um desfasamento de género como existe nos nomes Henrique e Henriqueta ou Lourenço e Lourença.

Olhando para estes dados não consigo deixar de sentir alguma pena. É óbvio que usar este nome nos dias que correm seria quase um escândalo cultural. Seria muito comentado e provavelmente visto como ultrapassado. Por outro lado, continuo a ser muito sonhadora a este respeito e direi sempre a quem me perguntar que acho Augusta um nome muito completo e bonito. Talvez as minhas netas tenham nomes semelhantes.

O mundo dos nomes é cíclico. O que hoje é ultrapassado, amanhã poderá ser moda. E é este facto que dá alguma esperança relativamente ao uso de nomes antigos. Fico deliciada cada vez que sei que alguém que tem uma Alice, uma Amélia ou uma Emília. São nomes bonitos que ficaram imensos anos na gaveta porque a sociedade se lembrava de os apelidar de “nomes de velha”. Talvez nos próximos tempos haja espaço para outros nomes antigos brilharem. Fica aqui o meu sonho de que se perca o preconceito em relação a estes nomes e haja a coragem para se renovar o repertório dos anos que correm.

Fontes Consultadas:
Ana Belo (1997) Mil e tal nomes próprios, ARPEN/SP, Behind the Name, IBGE, IRN, Name Berry, O Blog dos Nomes e SPIE.

15 comentários:

  1. Joana, o que significa "...terminar as minhas publicações femininas n’O Blog dos Nomes..."?

    Augusta é um nome bonito com um significado encantador. Não é um dos meus preferidos, mas reconheço sua imponência.
    Só uma curiosidade, se Maria Júlia é Maju, Maria Luísa é Malu. Como seria Maria Augusta?

    Maria Augusta é a filha do tenista Guga Kuerten

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    1. Querida Angélica,

      O Blog dos Nomes é um projecto fantástico e com muito potencial. Trabalhar nesta equipa foi extremamente gratificante. :) No entanto, e infelizmente, a minha participação no Blog ficará condicionada pelo surgimento de novos projetos pessoais que requerem a minha maior atenção. Só posso esperar que o meu contributo tenha sido útil para muitos dos nossos leitores. :) Despeço-me em breve com Luís! Um beijinho*

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    2. Assim é feita a vida, com chegadas e partidas.
      De ante mão, já agradeço sua valiosa contribuição.
      Sorte em sua caminhada!
      beijinho. ;)

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  2. Minha mãe é Maria Augusta em homenagem às avós (Maria Luiza e Augusta) mas nunca foi conhecida pelo nome. Apenas na faculdade seu apelido era Guta, que acho uma fofura.

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  3. Maria Luísa,pode ser usado o apelido de Marilu que foi usado como nome próprio.

    Blog de nomes em alguma oportunidade abordem Marilu.

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    1. Obrigada pela sugestão Lucas :) Quando pudermos falaremos sobre Marilu.

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  4. Não gosto de Augusta sozinho, acho muito pesado, mas do composto Maria Augusta já gosto. Acho que nesse caso Maria deixa Augusta mais leve. O apelido Guta é um ponto forte, acho fofo e carismático! Falando nisso, a atriz brasileira Guta Stresser se chama Maria Augusta.

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  5. Você não esta sozinha, pois eu também sou apaixonada por nomes de "velha" Acho Augusta "chiquérrimo" na família temos um Luís Augusto de três aninhos.

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  6. Eu chamo-me Joana Augusta e sempre elogiaram o nome dizendo ser um composto muito bonito..foi me atribuído pois a minha avó chamavasse Maria Augusta curiosamente ninguém a tratava por estes nomes..na escola quando era miúda havia muitas joanas então tratavam me só por Augusta e eu gostava

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  7. Gostaria que falassem do nome Agustina, acho que é a forma espanhola de Agostina

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    1. Ariana, nós já falamos sobre Agustina. Se estiver no celular basta mudar para modo web (no final da página) que poderá visualizar todos os nossos posts já publicados. Deixo o link para Agustina:

      http://oblogdosnomes.blogspot.com/2016/04/agustina.html?m=0

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  8. Sou uma mulher jovem,me chamo Augusta,qnd adolescente não gostava, porém hj já não me importo mais, até pq me chamam de Guta.

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  9. A mim, Maria Augusta, chamam-me MÁGÚ.

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  10. Meu nome é Ana augusta, meu apelido é Duda…

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